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Instrumentalização Maligna do Ensino.

Carlos Henrique Araújo, mestre em sociologia e curador da Academia Brasileira de Política Conservadora.

A intromissão pedante do Estado na educação moral e política dos estudantes causa inúmeras disfunções e enfraquece tanto as famílias quanto a própria sociedade. No Brasil, exemplos desses efeitos deletérios vão desde a falta de efetividade do ensino até o uso indiscriminado das salas de aula e dos livros didáticos para fins políticos e de cooptação ideológica dos alunos.


As funções primordiais do Estado em um sistema de ensino são a promoção da instrução em conteúdos fundamentais e o desenvolvimento de habilidades profissionais. A educação não pode servir como instrumento de manipulação de crianças e jovens, pois tal prática é imoral e ilegítima.


A sanha estatal de abandonar o ensino para invadir a educação moral, instrumentalizando os estudantes, não é fenômeno exclusivo do nosso país ou da atualidade. Em várias nações, ao longo da história, constata-se que, em períodos políticos autoritários e totalitários, acentuam-se os mecanismos de domínio sobre a educação política das pessoas.
Nesses momentos, o objetivo explícito do Estado é ultrapassar suas funções de promoção do ensino público instrucional, invadindo o território da pessoalidade, da intimidade e do âmbito de formação moral familiar, chegando até a tentar influenciar o comportamento sexual dos indivíduos. Dessa forma, impõe-se à liberdade social.


O século XX foi pródigo em exemplos contundentes dessa ânsia de poder, ao tentar conduzir uma espécie de engenharia social por meio das instituições de ensino. O método foi aplicado com maestria na educação fascista, nazista, comunista de Lenin, Stalin e Mao Tsé-Tung, na dinastia Kim da Coreia do Norte e em inúmeras ditaduras sanguinárias africanas, além de Cuba.


Todo regime totalitário transforma a simples instrução escolar em educação moral, comportamental e doutrinária. Em algumas dessas terríveis ditaduras, a educação estatal foi e é utilizada como meio para fomentar o culto e a adoração a líderes. Nas Américas, o aparelhamento da educação e a intensificação da doutrinação foram e são centrais para a manutenção do poder dos Castros por mais de 50 anos, assim como na combalida Venezuela, onde o chavismo ecoou nos meios de comunicação, nas universidades e nas escolas.


No Brasil, os petistas têm se esmerado em fortalecer um ensino meramente militante e doutrinador ao longo dos anos em que estiveram no poder. Não hesitam em instrumentalizar quase por completo o ensino em todas as suas etapas. Elementos de manipulação são aplicados desde a educação infantil até os níveis de pós-graduação.


A observação do economista Ludwig von Mises, em seu monumental “Ação Humana”, encaixa-se perfeitamente em nosso país: “no ensino secundário e mesmo nos cursos preparatórios para a universidade, o ensino de história e economia é, virtualmente, doutrinação. A maior parte dos estudantes certamente não é suficientemente madura para formar uma opinião própria com base no que lhe é transmitido pelos professores”.

A politização das escolas, o escancaramento para a doutrinação marxista vulgar, as mensagens transmitidas nos livros didáticos, o controle ideológico em concursos públicos e avaliações escolares fazem parte da ampla hegemonia cultural esquerdista implantada no país. O discurso único também invade outras instituições culturais além das unidades educacionais, espalhando-se como um vírus que destrói inteligências, vocações e liberdades. Apenas a pluralidade de ideias pode gerar novos conhecimentos, aprendizado efetivo e preparo intelectual. Cercear essa pluralidade é um ato antipedagógico.
Concordamos com Max Weber quando afirma, em “Ciência como Vocação”, que “a tarefa do professor é servir aos alunos com seu conhecimento e experiência, e não impor-lhes suas opiniões políticas pessoais”.


Não podemos aceitar que salas de aula se transformem em palanques políticos e partidários, ceifando o direito sagrado dos estudantes de aprender e desenvolver habilidades úteis à sua vida e à sociedade. Precisamos de menos demagogia nas escolas e mais conteúdo: mais português, matemática, inglês, física, química. O futuro do Brasil depende disso.

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